Milton Santos (1926-2001)

Milton Santos (1926-2001)

Milton Santos

Milton Santos

* Extratos diversos *

Milton Almeida dos Santos (Brotas de Macaúbas/BA, 3 de maio de 1926 – São Paulo/SP, 24 de junho de 2001) foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em Direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

Milton Santos nasceu no município baiano de Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926. Ainda criança, migrou com sua família para outras cidades baianas, como Ubaitaba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador. Em Alcobaça, com os pais e os avós maternos (todos professores primários), foi alfabetizado e aprendeu álgebra e a falar francês. Aos 13 anos, Milton dava aulas de matemática no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15, passou a lecionar Geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença na militância política de esquerda. Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu atividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro Zona do Cacau, posteriormente incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola Regional francesa. Em 1958, concluiu seu doutorado na Universidade de Strasburgo, na fronteira da França com a Alemanha. Ao regressar ao Brasil, criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo intercâmbio com os mestres franceses. Após seu doutorado, teve presença marcante na vida acadêmica, em atividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1961, o presidente Jânio Quadros o nomeia para a subchefia do Gabinete Civil, tendo viajado a Cuba com a comitiva presidencial – o que lhe valeu registro nos órgãos de segurança nacional após o golpe de 1964.

Em função de suas atividades políticas junto à esquerda, Milton foi perseguido pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seus aliados e importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar sua saída do país, após ter cumprido meio ano de prisão domiciliar. Milton achou que ficaria fora do país por 6 meses, mas acabou ficando 13 anos. Milton começa seu exílio em Toulouse, passando por Bordeaux, até finalmente chegar em Paris em 1968, onde lecionou na Sorbonne, tendo sido diretor de pesquisas de planejamento urbano no prestigiado Iedes. Permaneceu em Paris até 1971, quando se mudou para o Canadá. Trabalhou na Universidade de Toronto. Foi para os Estados Unidos, com um convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde trabalha com Noam Chomsky. No MIT trabalha em sua grande obra O Espaço Dividido. Dos EUA viaja para a Venezuela, onde atua como diretor de pesquisa sobre planejamento da urbanização do país para um programa da ONU. Neste país manteve contato com técnicos da Organização dos Estados Americanos. Estes contatos facilitaram sua contratação pela Faculdade de Engenharia de Lima, onde foi contratado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza urbana na América Latina. Posteriormente, foi convidado para lecionar no University College de Londres, mas o convite ficou apenas na tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressa a Paris, mas é chamado de volta à Venezuela, onde leciona na Faculdade de Economia da Universidade Central. Segue, posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em Geografia da Universidade de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país, quando recebeu o primeiro convite de uma universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressa à Venezuela, passando antes pela Universidade de Colúmbia de Nova Iorque.

No final de 1976, houve contatos para a contratação de Milton pela universidade brasileira, mas não havia segurança na área política e o contato fracassou. Em 1977, Milton tenta inscrever-se na Universidade da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi cancelada. Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar um posto como Consultor de Planejamento do estado de São Paulo e na Emplasa. Esse peregrinar lhe custou muito, mas sua volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-se Armen Mamigonian, Maria do Carmo Galvão, Bertha Becker e Maria Adélia de Souza. Quanto ao seu regresso, Milton tinha um grande papel nas mudanças estruturais do ensino e da pesquisa em Geografia no Brasil. Após seu regresso ao Brasil, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria.[2]. Também lecionou geografia na Universidade Católica de Salvador.

Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Santos alcançou reconhecimento fora do país, tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud (conferido por universidades de 50 países). Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos. Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento – conceitos depois desenvolvidos por outros. Por uma Outra Globalização, livro escrito por Milton Santos dois anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação em universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo perverso de globalização atual na lógica do capital, apresentado como um pensamento único. Na visão dele, esse processo, da forma como está configurado, transforma o consumo em ideologia de vida, fazendo de cidadãos meros consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a riqueza nas mãos de poucos.

Espaço: abordagem inovadora: A obra de Milton Santos é inovadora e grandiosa ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um “conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações”. As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro. Daí a correlação entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico. Para contrapor-se à realidade de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Santos, a força do lugar, que, por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização. Estas idéias são expostas principalmente em sua obra A Natureza do Espaço (Edusp, 2002). No conceito de espaço, Milton Santos revela a noção de paisagem, onde sua forma está em objetos naturais correlacionados com objetos fabricados pelo homem. Santos aponta que espaço e paisagem não são conceitos dicotômicos, onde os processos de mudança social, econômico e político da sociedade resultam na transformação do espaço, que concatenado a paisagem se adaptam para as novas necessidades do homem naquele dado período. Milton Santos revela o conceito de paisagem como algo não estanque no espaço, e sim que a cada período histórico altera, renova e adapta para atender os novos paradigmas do modo de produção social. São idéias apontadas na obra “Pensando o espaço do homem” São Paulo: Hucitec, 1982.

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Documentário – Milton Santos por uma outra globalização
Milton Almeida dos Santos (Brotas de Macaúbas, 3 de maio de 1926 — São Paulo, 24 de junho de 2001) foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

http://www.youtube.com/watch?v=K6EIIQNsoJU

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Celso Furtado (1920-2004)

Celso Furtado (1920-2004)

Celso Furtado

Celso Furtado

* Extratos diversos *

Celso Monteiro Furtado (Pombal, PB, 26 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, RJ, 20 de novembro de 2004) foi um economista brasileiro e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX. Suas ideias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.

Nascido no interior da Paraíba, na cidade de Pombal, alto sertão do estado, estudou no Liceu Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife. Muda-se em 1939 para o Rio de Janeiro. No ano seguinte ingressa na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo concluído o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais em 1944, mesmo ano em que foi convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), servindo na Itália. Em 1946, ingressou no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, concluído em 1948 com uma tese sobre a economia brasileira no período colonial. Nesta estadia em Paris conheceu sua primeira esposa, a química argentina Lucia Tosi. Retornou ao Brasil, trabalhando no DASP e na Fundação Getúlio Vargas.

Em 1949, mudou-se para Santiago do Chile, onde nasceu seu primeiro filho, Mario Tosi Furtado. No Chile, integrou a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas. Sob a direção do economista argentino Raúl Prebisch, a CEPAL se tornaria naquele período um centro de debates sobre os aspectos teóricos e históricos do desenvolvimento. Retornando ao Brasil, na década de 1950 Furtado presidiu o Grupo Misto CEPAL-BNDES, que elaborou um estudo sobre a economia brasileira que serviria de base para o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. No ano de 1953 assumiu uma diretoria do BNDE, e no ano seguinte nasceu seu segundo filho, André Tosi Furtado. Mais tarde, é convidado pelo professor Nicholas Kaldor ao King’s College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde escreveu Formação Econômica do Brasil, clássico da historiografia econômica brasileira.

Voltando ao Brasil, criou a pedido do presidente Juscelino Kubitschek, em 1959, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). “Formação Econômica do Brasil”, a mais consagrada obra de Celso Furtado, foi publicada nesse ano, no mesmo período em que o autor ocupava o cargo de diretor do BNDE do governo de Juscelino Kubitschek. Furtado já havia sido diretor da Divisão de Desenvolvimento da CEPAL por oito anos (de 1949 a 1957), fator que orientou a metodologia e os objetivos da obra. Isto é, Furtado procurou descrever a evolução da economia brasileira, dentro do paradigma latino-americano, pela análise da estrutura produtiva de cada período histórico da sociedade brasileira (daí a famosa denominação “estruturalista” para o pensamento cepalino em geral), dando ênfase em conceitos analíticos especificamente cepalinos, tais como a visão da economia internacional baseada nas relações entre países centrais, industrializados, e países periféricos, agrícolas. Em 1962, no governo João Goulart, foi nomeado o primeiro Ministro do Planejamento do Brasil, elaborando o Plano Trienal. Em 1963 retornou à superintendência da SUDENE, criando e implantando a política de incentivos fiscais para investimentos na região.

Com a edição do Ato Institucional nº 1 (AI-1), Celso Furtado foi incluído na primeira lista de cassados, perdendo seus direitos políticos por dez anos. Em meados de abril de 1964 foi para Santiago do Chile, a convite do Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento (Ildes), ligado à Cepal. Em setembro do mesmo ano mudou-se para New Haven, nos Estados Unidos, assumindo o cargo de pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. No ano seguinte se mudou para a Paris, onde foi professor efetivo, por vinte anos, de Economia do Desenvolvimento e Economia latino-americana na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Sorbonne, dedicando-se também a atividades de ensino e pesquisa nas universidades de Yale, American University e Columbia, nos EUA, e de Cambridge, na Inglaterra. Na década de 1970 viajou a diferentes países seja em missão das Nações Unidas, seja como conferencista ou professor-visitante, e dedicou-se intensamente à redação e publicação de livros. Nos meados dessa década, separou-se de sua primeira mulher.

Foi beneficiado pela anistia decretada em agosto de 1979. Com a Anistia, em 1979, retornou à militância política no Brasil, que passou a visitar com freqüência. Conciliou esta atividade com suas tarefas acadêmicas como diretor de pesquisas da École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Em 1978 casou-se com sua segunda esposa, a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, com quem conviveu até final de sua vida. Em 1981 filia-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1985 foi convidado a participar da Comissão do Plano de Ação do governo Tancredo Neves, e logo em seguida é nomeado Embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, mudando-se para Bruxelas. De 1986 a 1988 foi ministro da Cultura do governo José Sarney, quando criou a primeira legislação de incentivos fiscais à cultura. Nos anos seguintes, retomou a vida acadêmica e participou de diferentes comissões internacionais. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1997. Faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004. No dia 25 de setembro de 2009 foi inaugurada a Biblioteca Celso Furtado contendo os 7542 livros que pertenceram ao autor.

Desenvolvimento e Subdesenvolvimento – Celso Furtado faz parte dos pensadores brasileiros que consideram o subdesenvolvimento como uma forma de organização social no interior do sistema capitalista, sendo contrário à idéia de que seja uma etapa para o desenvolvimento, como podem sugerir os termos de país “emergente” e “em desenvolvimento”. Na verdade, o subdesenvolvimento é um processo estrutural específico e não uma fase pela qual tenham passado os países hoje considerados desenvolvidos. Os países subdesenvolvidos tiveram, segundo Furtado, um processo de industrialização indireto, ou seja, como consequência do desenvolvimento dos países industrializados. Este processo histórico específico do Brasil criou uma industrialização dependente dos países já desenvolvidos e, portanto, não poderia jamais ser superado sem uma forte intervenção estatal que redirecionasse o excedente, até então usado para o “consumo conspícuo” das classes altas, para o setor produtivo. Note-se que isto não significava uma transformação do sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento da política econômica e social do país que levasse em conta o verdadeiro desenvolvimento social.

Na tentativa de explicar as causas do subdesenvolvimento brasileiro, Celso Furtado analisou a história do país considerando o modelo centro-periferia, muito comum no pensamento econômico da CEPAL. Furtado defendia que o Brasil era periferia em relação ao centro, composto por países europeus e pelos Estados Unidos, até o fim do ciclo do café. Por consequência, o dinamismo do país era desproporcionalmente dependente das condições econômicas do centro. Além desse desequilíbrio, o Brasil possuía uma lógica social e econômica própria na qual uma economia de subsistência e com muito baixa produtividade existia ao lado de uma economia altamente dinâmica voltada à exportação. A relação entre as duas caracterizou os diferentes ciclos do país: ciclo da cana-de-açúcar, ciclo do ouro e ciclo do café. Esse último permitiu o início de um forte processo de industrialização no país. No entanto, por conta de sua posição de periferia e o desequilíbrio entre suas duas “economias” internas, o Brasil teve que constantemente enfrentar dois grandes problemas: inflação e desigualdade de renda.

teoria da dependência – É uma formulação teórica desenvolvida por intelectuais, como Ruy Mauro Marini, André Gunder Frank, Theotonio dos Santos, Vania Bambirra, Orlando Caputo, Roberto Pizarro e outros, consistindo em uma leitura crítica e marxista não-dogmática dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial, em contraposição as posições marxistas convencionais ligada aos partidos comunistas ou a visão estabelecida pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). A explicação da “dependência” e a produção intelectual dos autores influenciados por essa perspectiva analítica obtiveram ampla repercussão na a América Latina no final da década de 1960 e começo da década de 1970, quando ficou evidente que o desenvolvimento econômico não se dava por etapas, um caminho que bastaria ser trilhado para que os resultados pudessem ser alcançados. Para a teoria da dependência a caracterização dos países em “atrasados” decorre da relação do capitalismo mundial de dependência entre países “centrais” e países “periféricos”. Países “centrais”, como centro da economia mundial será identificado nos espaços em que ocorrem a manifestação do meio técnico científico informacional em escala ampliada e os fluxos igualmente fluam com mais intensidade. A periferia mundial (países periféricos)se apresente como aqueles espaços onde os fluxos, o desenvolvimento da ciência, da técnica e da informação ocorram em menor escala e as interações em relação ao centro se dêem gradativamente. A dependência expressa subordinação, a ideia de que o desenvolvimento desses países está submetido (ou limitado) pelo desenvolvimento de outros países e não era forjada pela condição agrário-exportadora ou pela herança pré-capitalista dos países subdesenvolvidos mas pelo padrão de desenvolvimento capitalista do país e por sua inserção no capitalismo mundial dada pelo imperialismo. Portanto, a superação do subdesenvolvimento passaria pela ruptura com a dependência e não pela modernização e industrialização da economia, o que pode implicar inclusive a ruptura com o próprio capitalismo.

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Documentário: O longo amanhecer de Celso Furtado
Cinebiografia de Celso Furtado, sua trajetória como um dos maiores intelectuais brasileiros, o exílio e a rendenção deste grande pensador brasileiro

http://www.youtube.com/watch?v=2CLR6E6mCLs

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Ignácio Rangel (1914-1994)

Ignácio Rangel (1914-1994)

Ignácio Rangel

Ignácio Rangel

* Extratos diversos

Ignácio Rangel Mourão (Mirador, Maranhão, 20 de fevereiro de 1914 — Rio de Janeiro, 4 de março de 1994) foi um economista brasileiro. Ocupou a cadeira nº 26 da Academia Maranhense de Letras. Foi provavelmente o mais original analista do desenvolvimento econômico brasileiro. Apenas Celso Furtado tem uma contribuição comparável na análise da dinâmica de nossa economia. Em 1953, além de trabalhar intensamente na assessoria de Getúlio Vargas, Rangel escreve seu primeiro livro, A Dualidade Básica da Economia Brasileira, publicado em 1957.

Bacharel em direito, fez-se formalmente economista no ano de 1954 após curso pela CEPAL, tendo defendido tese sob o título de El Desarollo Económico en Brasil. Seu contato, ainda adolescente, com as obras de Marx e Engels o levou a militar no Partido Comunista do Brasil (PCB) e atuar na Aliança Nacional Libertadora (ALN), tendo sido preso durante confronto para a implantação do governo revolucionário, em 1935, no comando de 200 camponeses em armas no sertão maranhense. Foi solto em 1937. Desde então, aprofundou seus estudos nos mais variados campos do conhecimento, principalmente em economia. Na prisão, na busca das causas da derrota de 1935, passou a construir uma crítica aguda as orientações do PCB, sendo a principal delas à referente ao estabelecimento da reforma agrária como condição indispensável à industrialização do país. Aos poucos, essa profunda divergência ideológica vai afastando-o do PCB. O processo de afastamento do PCB, coincidentemente, foi marcado pelo inicio de sua produção intelectual com a publicação de um número expressivo de artigos acerca da realidade econômica e social do Brasil.

Sua crescente influência intelectual o credenciou a trabalhar, em 1952, na assessoria econômica do governo de Getúlio Vargas, onde foi principal mentor dos projetos que desembocaram na criação de grandes empresas estatais, sendo a principal delas a PETROBRÁS. Em 1955 com a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), Rangel passa a integrar seu quadro funcional, acumulando mais tarde a coordenação do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. A partir da segnda metade da década de 1950, ao lado de intelectuais de renome como Nelson Werneck Sodré e Hélio Jaguaribe ajudou a formar o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde ocupou a cátedra da cadeira de economia. Esta experiência no centro da burocracia estatal brasileira proporcionou-lhe uma vasta experiência técnica e o auxiliou a fornecer subsídios à sua original visão da formação social brasileira a partir do desenvolvimento de modos de produção complexos ou duais. Em 1991 foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras.

Ignácio Rangel viveu intensamente a eclosão e a primeira etapa das transformações da segunda revolução industrial no Brasil, com o aparelhamento do governo central como condutor desse processo, e com sua subsequente crise, diante das contradições suscitadas pela expansão do capital monopolista. Marxista de formação, Rangel deixou importantes contribuições à explicação da questão agrária e da inflação no Brasil, relacionando ambas com necessidades estratégicas do capital. Registrou, também, uma contribuição significativa com relação a projetos de investimento, que tratou como parte do referencial geral do planejamento. O trabalho de Rangel correspondeu ao momento em que mudava a posição do Brasil no cenário internacional. Profundamente brasileiro, moveu-se com grande independência frente aos dogmas de sua época.

Marx, Engels e Lênin foram as principais referências teóricas de Ignácio Rangel. Porém, a adoção do materialismo histórico como base de sua trajetória intelectual não o impediu de trabalhar com autores como Adam Smith, J. Schumpeter e J. M. Keynes. Do ponto de vista político, Rangel se posicionava no campo do marxismo-leninismo tingido com fortes posições nacionalistas e desenvolvimentistas.

O fio condutor de sua obra é a sua tese da dualidade. Trata-se de uma engenhosa construção analítica que articula contribuições do materialismo histórico marxista, de Smith, de Keynes, da teoria dos ciclos e das crises de Kondratieff e Juglar à formação econômica brasileira, no intuito de entender sua dinâmica e especificidades.

A partir da tese da dualidade, para efeitos analíticos, são classificados em outras quatro as grandes teses de Rangel, expressões de suas interpretações sobre a economia brasileira, a teoria econômica e o desenvolvimento econômico, social e político: 1) sobre a Dinâmica Capitalista, que articula as teorias dos ciclos, das crises e a questão tecnológica ao movimento da economia brasileira e mundial; 2) a tese da Inflação Brasileira, contida em seu famoso livro do mesmo nome, transformada, pela sua densidade analítica, nível de formulação e grau de universalidade em uma verdadeira teoria da inflação, feito inigualável na história do pensamento econômico brasileiro; 3) acerca da Questão Agrária, onde altamente influenciado por Lênin, interpreta os determinantes da crise agrária brasileira e suas conseqüências para o desenvolvimento do capitalismo no Brasil e 4) sobre a Intervenção do Estado e Planejamento, onde analisa o valor do planejamento do setor público como fator de equilíbrio econômico global e de redução de ociosidades setoriais na economia, campo este o qual se vale para demonstrar o significado positivo de um vigoroso sistema financeiro, mobilizador de recursos ociosos para os setores produtivos, com ênfase nos investimentos em serviços de utilidade pública e infra-estrutura.

Referências:

PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. RÊGO, José Marcio. Um Mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel. Disponível em: http://www.rep.org.br/pdf/50-6.pdf

PEDRÃO, Fernando Cardoso. “Ignácio Rangel”- Estudos Avançados, Vol.15, No.41, São Paulo, Jan./Apr. 2001. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142001000100011

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Josué de Castro (1908-1973)

Josué de Castro (1908-1973)

Josue de Castro

Josue de Castro

* Extratos diversos *

Josué Apolônio de Castro (Recife/PE, 5 de setembro de 1908 – Paris/França, 24 de setembro de 1973), foi um influente médico, nutricionista, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor, ativista brasileiro que dedicou sua vida ao combate à fome. Destacou-se no cenário brasileiro e internacional, não só pelos seus trabalhos ecológicos sobre o problema da fome no mundo, mas também no plano político em vários organismos internacionais.

Partindo de sua experiência pessoal no Nordeste brasileiro, publicou uma extensa obra que inclui: Geografia da fome, Geopolítica da fome, Sete palmos de terra e um caixão, Homens e caranguejos. Exerceu a Presidência do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e foi também Embaixador brasileiro junto à ONU. Recebeu da Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos o Prêmio Franklin D. Roosevelt, o Conselho Mundial da Paz lhe ofereceu o Prêmio Internacional da Paz e o governo francês o condecorou como Oficial da Legião de Honra. Logo após o Golpe de Estado de 1964, teve seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar. Faleceu no exílio em Paris.

Principais Obras:

  • O Problema Fisiológico da Alimentação no Brasil. Recife: Ed. Imprensa Industrial, 1932.
  • O Problema da Alimentação no Brasil. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1933.
  • Condições de Vida das Classes Operárias do Recife. Recife: Departamento de Saúde Pública, 1935.
  • Alimentação e Raça. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
  • Therapeutica Dietética do Diabete. In: Diabete. Livraria do Globo, Porto Alegre, 1936. p. 271-294.
  • Documentário do Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 1937.
  • A Alimentação Brasileira à Luz da Geografia Humana. Rio de Janeiro: Livraria do Globo, 1937.
  • Fisiologia dos Tabus. Rio de Janeiro: Ed. Nestlé, 1939.
  • Geografia Humana. Rio de Janeiro: Livraria do Globo, 1939.
  • Alimentazione e Acclimatazione Umana nel Tropici. Milão, 1939.
  • Geografia da Fome: A Fome no Brasil. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1946.
  • La Alimentación en los Tropicos. México: Fondo de Cultura, 1946.
  • Fatores de Localização da Cidade do Recife. Rio de Janeiro: Ed. Imprensa Nacional, 1947.
  • Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1951.
  • A Cidade do Recife: Ensaio de Geografia Humana. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1956. Reedição de Fatores de Localização da Cidade do Recife.
  • Três Personagens. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1955.
  • O Livro Negro da Fome. São Paulo: Brasiliense, 1957.
  • Ensaios de Geografia Humana. São Paulo: Brasiliense, 1957.
  • Ensaios de Biologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1957.
  • Sete Palmos de Terra e um Caixão. São Paulo: Brasiliense, 1965.
  • Ensayos sobre el Sub-Desarrollo. Buenos Aires: Siglo Veinte, 1965.
  • ¿Adonde va la América Latina?. Lima: Latino Americana, 1966.
  • Homens e Caranguejos. Porto: Ed. Brasília, 1967.
  • A Explosão Demográfica e a Fome no Mundo. Lisboa: ltaú, 1968.
  • El Hambre – Problema Universal. Buenos Aires: La Pléyade, 1969.
  • Latin American Radicalism. Edited by Irving Horowitz, Josué de Castro and John Gerassi. New York: Vintage Books, 1969. Coletânea organizada por Irving Horowitz, Josué de Castro e John Gerassi.
  • A Estratégia do Desenvolvimento. Lisboa: Cadernos Seara Nova, 1971.
  • Mensajes. Bogotá: Colibri, 1980.
  • Fome: um Tema Proibido – últimos escritos de Josué de Castro. Anna Maria de Castro (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
  • Festa das Letras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

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Josué de Castro e a Luta Contra a Fome – Conferência realizada no segundo dia da XII JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC-FACEPE/CNPq: CENTENÁRIO JOSUÉ DE CASTRO.

http://www.youtube.com/watch?v=nD5MhTBVG_w

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A Fome no Mundo  – O video “A FOME NO MUNDO” foi O resultado de um estudo sobre a situação de fome no mundo, analisando o Livro Geopolítica da Fome, obra de Josué de Castro. Esse video foi apresentado na Escola de Nutrição da UFBA, na disciplina Temas Conteporâneos em Nutrição.

http://www.youtube.com/watch?v=xZ3SgrlVRtA

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Caio Prado Jr. (1907-1990)

Caio Prado Júnior (1907-1990)

Caio Prado Jr.

Caio Prado Jr.

* Extratos diversos *

Caio da Silva Prado Júnior (São Paulo, 11 de fevereiro de 1907 — São Paulo, 23 de novembro de 1990) foi um historiador, geógrafo, escritor, político e editor brasileiro. As suas obras inauguraram, no país, uma tradição historiográfica identificada com o marxismo, buscando uma explicação diferenciada da sociedade colonial brasileira.

Bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo (1928)[1], onde mais tarde seria livre-docente de Economia Política. Como intelectual teve importante atuação política ao longo das décadas de 1930 e 1940, tendo participado das articulações para a Revolução de 1930. Decepcionado com a inconsistência política e ideológica da República Nova, aproximou-se do marxismo e filiou-se ao Partido Comunista do Brasil, em 1931. Publicou, em 1933, a sua primeira obra – Evolução Política do Brasil -, uma tentativa de interpretação da história política e social do país.Após uma viagem à União Soviética em 1933, à época no governo de Stálin, e a alguns países socialistas, alinhados à União Soviética, publicou URSS – um novo mundo (1934), edição apreendida pela censura do governo de Getúlio Vargas, que passaria a combater. Ingressou na Aliança Nacional Libertadora, a qual presidiu em São Paulo.

Em 1934, ano de implantação da Universidade de São Paulo (USP), juntamente com os professores Pierre Deffontaines, Luís Flores de Morais Rego e Rubens Borba de Morais, Caio Prado Júnior participou da fundação da Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB, primeira entidade científica de caráter nacional. Em 1942 publicou o clássico Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia, que deveria ter sido a primeira parte de uma coletânea sobre a evolução histórica brasileira, a partir do período colonial. Entretanto, os demais volumes jamais foram escritos. Em 1945 foi eleito deputado estadual, como terceiro suplente pelo Partido Comunista Brasileiro e, em 1948 como deputado da Assembleia Nacional Constituinte. Todavia, este último mandato lhe seria cassado em 1948, na sequência do cancelamento do registro do partido pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Na década de 1950, desenvolveu sua discussão sobre dialética, publicando dois livros: A Dialética do Conhecimento (1952) e Notas Introdutórias à Lógica Dialética (1959). Sofreu novas perseguições durante o Regime Militar, após 1964. Em 1966 foi eleito o Intelectual do Ano, com a conquista do Prêmio Juca Pato, concedido pela União Brasileira de Escritores, devido à publicação, naquele ano, do polêmico A revolução brasileira, uma análise dos rumos do país após o movimento de 1964. Faleceu em novembro de 1990.

“Sua produção teórica é mais marxiana do que marxista-leninista.[…]Lida com fatos em termos de relações, processos e estruturas, localiza e explica desigualdades, diversidades, contradições sociais”. Fábio Hanna, caracteriza Caio Prado, citando Otávio Ianni, dentro da geração moderna, e o caracteriza como sendo um intelectual do pensamento social brasileiro, marcado por uma preocupação política nacionalista e de modernização do país; e segue sua argumentação falando que este está inserido dentro de uma cultura na escrita da história que vem desde a independência, com o intuito de dar início à formação do estado nacional brasileiro e sentido e condução para a política e cultura do Estado. Já José Carlos Reis analisa, em especial, a obra Revolução Brasileira, por sintetizar a realidade brasileira e sua mudança revolucionária, marcando profundamente o pensamento revolucionário brasileiro. As obras de Caio Prado Jr. estão inseridas na perspectiva de atividade política advinda dos anos 20, como meio de relacionar com os processos de transformação que estavam em pauta na sociedade brasileira. Assim O nacionalismo defendido por Caio Prado Jr. se identifica com um nacionalismo econômico. Trabalhando a questão de um país atrasado por causa da submissão de exportadores de produtos ao mercado internacional, privilegia a briga política com os países imperialistas ao qual exercem seu domínio subvertendo, dessa maneira a ordem vigente. Analisando as obras, Evolução política do Brasil (1933) e Formação do Brasil contemporâneo (1942), este percebe que são textos escritos em uma dinâmica da realidade com projeções para o futuro discutido através de uma perspectiva histórica, que produzem novos desafios para o projeto modernizador da sociedade brasileira e que estão sedo escritos no calor dos acontecimentos sociais, políticos e econômicos de suas épocas.

Caracterizando a colônia como o sentido fundamental da estrutura e colonização que de forma inevitável perpassava pela formação do nacionalismo, Caio Prado tenta mostra que a solução para o Brasil estava no mercado interno; pois se na época da colônia o mercado era voltado para o mercado externo, a iniciativa nacional deveria opor-se a esta e desenvolver a criação de um mercado que atendesse internamente o país. Assim aceitando a tese do sentido da colonização onde o Brasil é dependente por ser exportador estamos aceitando a contraproposta de que para tornar um país independente tanto politicamente quanto economicamente está atrelado à constituição do mercado interno. Seu projeto está escrito na categoria básica de sentido da colonização; assim “[…] inaugura uma nova etapa na historiografia brasileira. Muitas são as razões: pela primeira vez o materialismo histórico é utilizado efizcamente como método de interpretação da história brasileira, as classes sociais passam a ser uma categoria analítica e as revoluções saem das notas de rodapé e passam a figurar no corpo do texto entre outras”.

Segundo Caio Prado, as análises marxistas que interpretavam o Brasil eram reinterpretas e readaptadas para o caso brasileiro com o objetivo de ajustar a realidade brasileira. Para se contrapor a este pensamento seus escritos enfatizam a “criação” do Brasil em quadros do capitalismo moderno atrelado ao continente e atividades européias a partir do século XV, o que ia à contramão do pensamento marxista proposto para a época que segundo eles o Brasil possuía resquícios feudais. Nesse sentido ele defende que o Brasil foi um fornecedor de produtos tropicais e que fazia parte de um sentido amplo da história. “Todos os acontecimentos dessa era dos descobrimentos articulam-se num conjunto que só é um capítulo da história do comércio europeu. A colonização do Brasil é uma capítulo dessa historia”. Seguindo o raciocínio Caio Prado jr, faz alusão de que não se pode interpretar a realidade brasileira e nem seu futuro a partir de situações que não se comparam com a nossa. A partir dessa forma otimizada com que o autor trabalhará a interpretação brasileira é que ele tratará do sentido da historia brasileira que de forma dialeticamente e com transição dinâmica leva de um passado para um futuro. Segundo sua teoria, se o Brasil tivesse um caráter feudal, a luta social seria dada a partir da reivindicação da propriedade da terra, o que para ele era um erro teórico, histórico e político, pois os operários do campo reivindicavam as leis trabalhistas. Reis, de maneira geral resume a dialética do sentido da comlonização; “Abordada assim, a realidade brasileira atual revelaria uma transição de um passado colonial a um futuro, já próximo, de uma nação estruturada, com uma organização econômica voltada para o interior, moderna. […] Eis o sentido da história brasileira , que uma teoria especialmente elaborada para abordá-la em sua especificidade revela: da heterogeneidade inicial, da dispersão original, a uma homigeneidade nacional estruturada. Economicamente o mercado interno deverá superar o externo, o que estimulará a diversificação da produção. Este é o caminho da sociedade brasileira: da sociedade colonial ao Brasil-nação. Realizar esta transição radical é realizar a verdadeira revolução brasileira, que aliás já está em marcha há muito tempo”. Contudo as obras revelam o caráter economicista em sua estrutura onde a prioridade da infra-estrutura é utilizada como instancia determinante para sua análise.Todas as suas grades obras são de síntese e de certa forma dizem respeito sobre o sentido da história brasileira contendo características de origem e identidade do brasileiro. Hanna, ainda concluí; que são textos político pois são escrito para surtir um efeito para o presente. “[…] na análise político social brasileira, o objetivo é o mesmo [entre ele e Oliveira Vianna]: modernizar o Brasil torná-lo uma nação de fato”.

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Aula – Formação Social Brasileira e Relações de Classe
Profª Drª Virgínia Fontes — EPSJV/FIOCRUZ

http://www.youtube.com/watch?v=3-7BMpQci-c

http://www.youtube.com/watch?v=YIeScpTeQ74

http://www.youtube.com/watch?v=Qj_5alWe2xQ

http://www.youtube.com/watch?v=CeJx9mbMRu8

http://www.youtube.com/watch?v=IYdysJsnXvM

http://www.youtube.com/watch?v=TONnSYA5cV0

http://www.youtube.com/watch?v=qyD-FNYoTdA

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Arquivado em Caio Prado Jr.

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)

Sergio Buarque de Holanda

Sergio Buarque de Holanda

* Extratos diversos *

Sérgio Buarque de Holanda da Cunha (São Paulo, SP, 11 de julho de 1902 — São Paulo, SP, 24 de abril de 1982) foi um dos mais importantes historiadores brasileiros. Foi também crítico literário e jornalista. Estudou em diversas escolas de São Paulo e Goiás. Mudou-se, em 1921, para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, onde obteve o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais em 1925.

Ao longo da década de 1920, atuou como representante do movimento modernista paulista no Rio de Janeiro. Trabalhou então em diferentes órgãos de imprensa e, entre 1929 e 1930, foi correspondente dos Diários Associados em Berlim, onde também frequentou atividades acadêmicas, como as conferências do historiador Friedrich Meinecke. De volta ao Brasil no começo dos anos 30, continuou a trabalhar como jornalista. Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim, com quem teria sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, além dos músicos Ana de Hollanda, Cristina Buarque, Miúcha e Chico Buarque. Ainda em 1936, publicou o ensaio Raízes do Brasil, que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e, ainda hoje, é o seu escrito mais conhecido. Participou, em 1980, da cerimônia de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), recebendo a terceira carteira de filiação do partido, após Mário Pedrosa e Antonio Candido.

Raízes do Brasil – Publicada em 1936, Raízes do Brasil aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O texto consiste de uma macro-interpretação do processo de formação da sociedade brasileira. Destaca, sobretudo, a importância do legado cultural da colonização portuguesa do Brasil, e a dinâmica dos arranjos e adaptações que marcaram as transferências culturais de Portugal para a sua colônia americana. O livro foi escrito na forma de um longo ensaio histórico, tendo sido dividido em sete partes:

  1. Fronteiras da Europa
  2. Trabalho e Aventura
  3. Herança Cultural
  4. O Semeador e O Ladrilhador
  5. O Homem Cordial
  6. Novos Tempos
  7. Nossa Revolução

Através de “Raízes do Brasil”, que para muitos, junto com “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freire e “Formação do Brasil Contemporâneo”, de Caio Prado Jr., é um livro que apesar de haver mais de 70 anos desde sua primeira publicação ainda é considerado uma obra capital para a compreensão da verdade brasileira e de seus desarranjos que até hoje nos atingem. O autor tenta elucidar a realidade brasileira e as causas de uma certa mal sucedida formação de um espírito progressista no seio das relações sociais da civilização brasileira.

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Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda

http://www.youtube.com/watch?v=pRsra5NOdMI

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Seminário feito por alunos da graduação em Direito na FGV Direito Rio.

http://www.youtube.com/watch?v=B4U2gBANlzs

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Sérgio Buarque de Holanda – Neste vídeo o professor Tiago Menta apresenta mais um historiador, o brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) – autor de obras fundamentais de nossa historiografia como “Raízes do Brasil” e “Visão do Paraíso”.

http://www.youtube.com/watch?v=W87JUujtrKU

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Gilberto Freyre (1900-1987)

Gilberto Freyre (1900-1987)

Gilberto Freyre

Gilberto Freyre

* Extratos diversos *

Gilberto de Mello Freyre (Recife/PE, 15 de março de 1900 — Recife/PE, 18 de julho de 1987) foi um sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor brasileiro, considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX, sendo considerado um dos fundadores da sociologia brasileira, no campo das ciências sociais.

Freyre estudou na Universidade de Columbia nos Estados Unidos onde conhece Franz Boas, sua principal referência intelectual. Em 1922 publica sua tese de mestrado “Social life in Brazil in the middle of the 19th century” (Vida social no Brasil nos meados do século XIX), dentro do periódico “Hispanic American Historical Rewiew”, volume 5. Com isto obteve o título Masters of Arts. Seu primeiro e mais conhecido livro é “Casa-Grande & Senzala“, publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal.

Portugal ocupa um lugar importante no pensamento de Freyre. Em vários de seus livros, como em “O Mundo que o Português Criou”, “O Luso e o Trópico” demonstra o importante papel que os portugueses tiveram na criação da “primeira civilização moderna nos trópicos”. Freyre foi um dos pioneiros no estudo histórico e sociológico dos territórios de colonização portuguesa como um todo, chegando mesmo a desenvolver um ramo de pesquisa que denominou de Lusotropicologia.

A miscigenação como fator de formação do povo brasileiro deu ao branco português, ao negro africado e ao indígena sul-americano o fator de autores da civilização brasileira. Com isso Freyre é constantemente criticado por haver criado ou reforçado no Brasil o mito da Democracia Racial Brasileira. A “Escola Paulista de Sociologia”, um grupo de intelectuais ligados à USP, acusaram Gilberto Freyre, por exemplo, de amaciar as relações escravistas no Brasil, por trazer uma visão de otimismo de uma época de pessimismo na história brasileira. A vida de Gilberto Freyre, após a obra “Casa-Grande e Senzala”, passou a ser um eterno explicar-se. Incansavelmente, repetia que não fora criador do mito da democracia racial e que o fato de seus livros terem reconhecido a intensa miscigenação entre as raças no Brasil não significava decerto a ausência de preconceito ou de discriminação. Segundo Freire, o tom desta obra é de otimismo em relação a um ambiente social gestado durante a fase colonial brasileira que favorece e é propicio à ascensão social do mulato, tipo que tendia a caracterizar num futuro próximo o Brasil.

Em 1946, Gilberto Freyre é eleito pela UDN para a Assembléia Constituinte e, em 1964, é um dos principais intelectuais brasileiros a apoiar o golpe militar que derruba João Goulart. Ocupou a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras em 1986. Foi protestante batista, chegando a ser missionário e a frequentar igrejas batistas norte-americanas. Este fato costuma ser ocultado pelos biógrafos e adpetos das teorias de Freyre.

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Os vídeos abaixo discutem “Casa Grande e Senzala”, principal obra de Gilberto Freire. Trata-se de uma produção do programa “DE LÁ PRA CÁ” apresentado por Ancelmo Gois e Vera Barroso sobre Gilberto Freyre foi exibido pela TV Brasil no dia 09 de maio de 2010. Participaram do programa, Sonia Freyre, Joel Rufino dos Santos, Hermano Vianna e Nelson Pereira dos Santos.

http://www.youtube.com/watch?v=kyFkWeJFO2w

http://www.youtube.com/watch?v=YroM1QDzT3w

http://www.youtube.com/watch?v=psGLXDQ-PGE

http://www.youtube.com/watch?v=4l3LrVUWFNk

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